Exposição individual do artista paquistanês Samir Mahmood, com curadoria de Miguel Amado, reúne obras recentes que reconfiguram a tradição da pintura em miniatura do subcontinente indiano para pensar identidade, corpo e consciência.
Samir Mahmood é um artista paquistanês radicado na Irlanda. No seu país de origem, Mahmood formou-se em medicina. Em 2008, emigrou para a Irlanda no sentido de prosseguir os seus estudos nesta área e aí continuar a sua carreira como médico. Contudo, em meados da década de 2010, abandonou esta atividade para se dedicar aos estudos e prática da arte.
O trabalho de Mahmood engloba pintura, têxteis, objetos e vídeo, e debruça-se sobre questões de identidade, representação, a relação entre o corpo e a consciência, e a transformação espiritual. As suas obras inspiram-se nas técnicas e materiais da pintura em miniatura do subcontinente indiano, mas subvertem as narrativas e imagética tradicionais associadas a este estilo através da incorporação de motivos baseados na sua experiência enquanto pessoa queer moldada num contexto islâmico.
Esta exposição apresenta um grupo de obras realizadas por Mahmood nos últimos cinco anos. De entre estas, destacam-se uma série de peças em tecido, de grande escala, reminiscentes tanto de estandartes quanto de pergaminhos enrolados, que retratam o jardim enquanto símbolo do paraíso e da utopia, seja do ponto de vista religioso ou cívico, no qual coexistem cenas de cariz sexual. A exposição aborda o que o artista denomina de queerscapes – espaços transcendentais de libertação onde os corpos, por si só ou com a natureza como pano de fundo, se expandem, metamorfoseiam, aglutinam e dissolvem.